Política

Novo diretor do Cpers diz que greve ainda é um instrumento poderoso


Eleito, no final do mês de junho, diretor-geral do 2º Núcleo do Cpers/Sindicato, com sede em Santa Maria, o professor Rafael Gomes Torres, 37 anos, tem um desafio nos três anos à frente do comando regional da entidade: ajudar o segundo maior sindicato da América Latina a recuperar o prestígio de um passado não tão distante.

Para isso, o sucessor da professora Sandra Regio tem planos como ampliar o número de associados. Hoje, 4.496 professores e funcionários são associados ao 2º Núcleo, que tem uma base de 91 escolas em 18 municípios para trabalhar (somente em Santa Maria são 39 colégios).

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– Precisamos muito da participação dos representantes de escola, que é quem faz o link entre sindicato e escola. Nossa proposta é fortalecer e ampliar a representação por escola – explica  o diretor eleito, que assume o cargo no mês que vem.

Torres ainda aposta nas mobilizações e em formas de pressão como as greves para enfrentar governos, que ele vê como ameaças a direitos conquistados. Outra luta é garantir o piso nacional de R$ 2.298,80 por 40 horas (metade desse valor para 20 horas) no plano de carreira.

Aliado da direção estadual do Cpers, que reelegeu sua presidente, Helenir Schürer, Torres dará sequência a uma série de seis mandatos da mesma corrente política que está há 18 anos no comando do 2º Núcleo.

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Professor da Escola Estadual João Belém, onde leciona Inglês, Torres ganha um salário básico de R$ 1.165 por 20 horas semanais, mais um vale-refeição de R$ 190, que ele diz que já vem com R$ 40 de desconto. 

Como diretor do 2º Núcleo, ele terá direito a uma verba de representação de R$ 1.165. Torres diz que vai acumular as funções até porque o governo do Estado não está autorizando cedências.

O QUE PENSA O ELEITO

GREVE

¿Historicamente, a greve é a maior ferramenta de conquista da classe trabalhadora. No magistério, tudo o que temos no nosso contracheque foi com muita greve.

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Mas os tempos mudaram, principalmente com os governos Temer e Sartori. Há uma tentativa de retirada de direitos. Quando tu retornas de uma greve em que consegue aumento, a sensação é de avanço. Mas, infelizmente, nos três últimos anos, temos feito greves de resistência. 

Nos anos 80 e 90 foram greves que conquistaram direitos. Agora, as greves são para defender essas conquistas. As vitórias de agora têm sido para não perder direitos. Portanto, a greve continua, sim, sendo um instrumento poderosíssimo.¿

MOBILIZAÇÃO

¿Precisamos muito da participação dos representantes de escola. Elas podem indicar ou eleger um representante para participar das assembleias regionais. 

Rafael Torres disputou a eleição para o comando do 2º Núcleo do Cpers com a professora Nehita Peres Foto: Charles Guerra / Newco SM

Ele (representante) é que faz o link do sindicato com a escola. São 91 escolas em 18 municípios (aqui em Santa Maria, são 39 escolas). Não tem como a direção sozinha mobilizar 91 escolas. Nossa proposta é fortalecer e ampliar a representação por escola.¿

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NOVOS ASSOCIADOS


¿Hoje, o maior número de associados é de aposentados, que são 60%. Há um longo caminho para conseguirmos maior adesão dos que estão na ativa. Vamos fazer campanha para novas associações. 

OUTRAS METAS

Em Santa Maria, pagávamos aluguel pela sede. Conseguimos comprar sede própria. Pretendemos ampliá-la e torná-la referência para atividades intelectuais e pedagógicas. 

O Cpers tem hotel em Porto Alegre, e a prefeitura de Capão Novo (Litoral Norte) doou terreno para uma sede social na praia, projeto para os próximos anos. Em termos de benfeitorias, em nível local, não há nada previsto no horizonte.¿

PARCELAMENTO

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Entramos no 19º mês consecutivo de parcelamento de salários, além do 13º fatiado em 12 prestações. E não é só parcelamento, é o atraso do salário, um direito básico do trabalhador. 

Tem a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 257, que oficializa o calote ao propor a derrubada do artigo 35 da Constituição Estadual.¿

PISO DOS PROFESSORES

¿Nossa grande luta é incluir o piso nacional do magistério no plano de carreira, como diz a lei. Isso repercute dentro dos níveis e das classes do nosso plano.

Os Estados que pagam o piso fizeram alterações para pagar o piso e, em muitos casos, houve perdas significativas. O piso só nos serve se for dentro do plano de carreira.¿

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PISO DOS SERVIDORES

¿Nossa proposta também prevê um piso nacional para o agente educacional (funcionário de escola). Temos parceria com o Instituto Farroupilha para dar caráter profissional ao agente educacional. 

Há o programa Pró-Funcionário, para profissionalizar. É pré-requisito para o dia em que a lei (do piso dos funcionários) for aprovada.¿

SITUAÇÃO DO IPE

¿O Instituto de Previdência do Estado (IPE) está de mal a pior. O plano te garante um hospital, mas precisamos de medicina preventiva. Nossos colegas não conseguem marcar especialista. Nossa grande luta é manter o IPE público.¿

VIOLÊNCIA NA ESCOLA

¿Há vários tipos, mas a violência física é a que mais se vê. Em Santa Maria, houve aquele caso terrível, na Santa Marta, em que um menino foi assassinado no portão da escola. 

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Mas a gente não trata só da violência física, mas também da violência psicológica. Há casos de xingamentos, ameaças e pressões de toda a ordem. 

No 2º Núcleo, não temos registros concretos de agressões, não é algo muito corriqueiro, não é um problema crônico em Santa Maria. 

De maneira geral, nossa proposta é combater todo o tipo de opressão, seja de gênero, raça. Essa questão do bullying temos que estar bastante vigilantes para que não saia do controle. As próprias escolas têm seus mecanismos para tratar dessas questões.¿

Rafael Torres integra grupo político que está há 18 anos no comando do sindicato na região Centro do Estado Foto: Charles Guerra / Newco SM

ESCOLA SEM PARTIDO

¿Nosso modelo é o da escola livre de toda forma de preconceito, uma escola crítica, pública, laica e democrática. E de qualidade. Quanto aquela proposta, da Escola Sem Partido, é uma piada.

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Não conheço nenhuma que tenha partido. Esse projeto visa única e exclusivamente gerar um clima de vigilância e tensão dentro das escolas.¿

FORÇAS DO 2º NÚCLEO

Dos 41 Núcleos do Estado, 26 pertencem ao mesmo campo político do 2º Núcleo. Na última gestão, eram 17. Há um conjunto de forças no comando do Cpers, que, aqui em Santa Maria e região, chama-se Articulação Sindical. 

E é o mesmo grupo da Helenir Schürer, reeleita para a direção estadual. Temos a Confederação Brasileira dos Trabalhadores do Brasil (CTB), a Articulação de Esquerda (corrente da Central Única dos Trabalhadores, a CUT, e também uma corrente interna do PT) e a Democracia Socialista (DS, corrente interna do PT, que reúne militantes mais à esquerda do espectro político). 

Nossa articulação sindical é um grupo cutista. E, por fim, tem os independentes.¿

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ASSÉDIO MORAL

¿O assédio é mais especificamente no sentido de tentar diminuir a mobilização, amedrontar colegas, fazer ameaças como cortar o ponto e criar clima complicado na escola em caso de greve, pressão para não aderir, ameaças de demissão de contratados, pressão sobre quem está em estágio probatório.¿

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